domingo, 21 de novembro de 2010

Narração

Os Lusíadas

Na estrofe 19, Camões refere que armada de Vasco da Gama se encontrava já a meio da viagem no Oceano Índico, o mar com algumas ondas estava calmo e o vento empurrava as caravelas na sua viagem a caminho da Índia.


Nota: 
- A partir da estrofe 20 do canto I, Camões interrompe a Narração da viagem de Vasco da Gama para falar sobre o Concilio dos Deuses.
Este episódio serve a Camões para elogiar os portugueses.

Ao colocar os Deuses a preocuparem-se com a viagem de Vasco da Gama por temerem que os portugueses lhes roubem a fama no oriente, Camões eleva os portugueses aonível sos próprios Deuses. O Deus que mais temia o poder de Vaso da Gama era Baco (Deus do vinho e do comércio) e Marte (Deus da Guerra) e Vénus (beleza e amor) estavam a favor dos portugueses.

Invocação

Os Lusíadas

Na invocação, Camões pede ajuda “Dai me” ás Deusas do Tejo “as Tágides”.
Até àquele momento, Camões tinha escrito sonetos e canções, poesia lírica, mas naquela época ele pretendia escrever uma poesia diferente – poesia épica.
A poesia lírica era simples, humilde e normalmente acompanhada á flauta.
Camões queria escrever poesia épica que é um tipo de poesia mais elevada, própria para contar feitos de heróis e por isso devia ser acompanhado de trompete.
Como esta poesia nova era muito mais exigente, Camões pede ajuda para conseguir escrevê-la.
Invocar é pedir ajuda, por isso Camões utiliza o vocativo para se dirigir as Tágides e os verbos no imperativo para pedir ajuda.

Dedicatória

Os Lusíadas

É a parte do poema que Camões dedica a sua obra a D.Sebastião.
Com os versos 2,3,4, Camões pretende significar que Portugal é um país com muito Sol, em que as horas do dia são muitas.
Na estrofe 8 Camões dirige-se a D. Sebastião e diz-lhe que espera que ele domine os Mouros, que se encontram em África e na Ásia (Índia).
Na estrofe 10, Camões promete ao rei ("vereis") ver o seu patriotismo e a sua dedicação e ainda a exaltação do povo português e que o rei poderá então verificar o que é melhor: se ser senhor do mundo, se ser rei dos portugueses.
Na estrofe II, Camões continua a dizer ao rei D. Sebastião que os feitos dos portugueses são de tal modo importantes que ultrapassaram as aventuras dos heróis antigos, sobretudo porque são feitos verdadeiros enquanto que outros eram inventados.
Na estrofe 15, Camões dirige-se a D.Sebastião aconselhando-o a tornar-se num rei exemplar, porque no momento não pode escrever sobre ele por D.Sebastião não ser ainda reconhecido pelos seus feitos heróicos, dada a sua pouca idade, mas prometia-lhe, no futuro contar tudo sobre a sua acção grandiosa.

Proposição

Os Lusíadas

 Cada estrofe pode chamar-se também de oitava ou estância, Nós Lusíadas.
Na proposição, Camões diz que vai cantar os feitos dos portugueses, nomeadamente, os navegadores, os reis e todos os outros heróis, em conclusão, vai cantar todo o povo português.
Os reis de que Camões vai falar são aqueles que dilataram a fé cristã e o império/Portugal. Os navegantes escolhidos foram aqueles que, partindo de Portugal/ “Ocidental Praia Lusitana”, por mar conquistaram novos territórios, em África, na América e na Ásia.
Todos estes marinheiros passaram grandes privações para realizarem com sucesso as suas viagens.
Os outros heróis portugueses foram aquelas pessoas que por serem escritores, cavaleiros e outros conseguiram pelos seus feitos, conquistar a imortalidade (“ se foram da lei da morte libertando”).
Na proposição, Camões diz, ainda, que cantara “ cantando espalharei” por todo mundo a forma dos portugueses com a condição de o talento, o ajudar.
Acrescenta ainda que a fama dos heróis antigos será completamente ultrapassada, quando ele divulgar a fama dos heróis portugueses.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Estrutura Interna e Externa

A estrutura interna relaciona-se com o conteúdo do texto. Esta obra mostra ser uma epopeia clássica ao dividir-se em quatro partes:
  • Proposição - introdução, apresentação do assunto e dos heróis (estrofes 1 a 3 do Canto I);
  • Invocação - o poeta invoca as ninfas do Tejo e pede-lhes a inspiração para escrever (estrofes 4 e 5 do Canto I);
  • Dedicatória - o poeta dedica a obra ao rei D. Sebastião (estrofes 6 a 18 do Canto I);
  • Narração - a narrativa da viagem, in medias res, partindo do meio da acção para voltar atrás no tempo e explicar o que aconteceu até ao momento na viagem de Vasco de Gama e na história de Portugal, e depois prosseguir na linha temporal.
Por fim, há um epílogo a concluir a obra (estrofes 145 a 156 do Canto X).
 
Os planos temáticos da obra são:
  • Plano da Viagem - onde se trata da viagem da descoberta do caminho marítimo para a Índia de Vasco da Gama e dos seus marinheiros;
  • Plano da História de Portugal - são relatados episódios da história dos portugueses;
  • Plano do Poeta - Camões refere-se a si mesmo enquanto poeta admirador do povo e dos heróis portugueses;
  • Plano da Mitologia - são descritas as influências e as intervenções dos deuses da mitologia greco-romana na acção dos heróis.
Ao longo da narração deparam-se-nos vários tipos de episódios: bélicos, mitológicos, históricos, simbólicos, líricos e naturalistas.

A estrutura externa refere-se à análise formal do poema: número de estrofes, número de versos por estrofe, número de sílabas métricas, tipos de rimas, ritmo, figuras de estilo, etc. Assim:
  • Os Lusíadas é constituído por dez partes, liricamente chamadas de cantos;
    • cada canto possui um número variável de estrofes (em média, 110);
    • as estrofes são oitavas, tendo portanto oito versos; a rima é cruzada nos seis primeiros versos e emparelhada nos dois últimos (AB AB AB CC, ver na citação ao lado);
    • cada verso é constituído por dez sílabas métricas (decassilábico), nas sua maioria heróicas (acentuadas nas sextas e décimas sílabas).
Sendo Os Lusíadas um texto renascentista, não poderia deixar de seguir a estética grega que dava particular importância ao número de ouro. Assim, o clímax da narrativa, a chegada à Índia, foi colocada no ponto que divide a obra na proporção áurea (início do Canto VII).